Nazik al-Abid

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Nazik al-Abid
Nazik al-Abid
Nascimento نازك مصطفى باشا العابد
1898
Damasco
Morte 1959
Beirute
Cidadania Síria
Cônjuge Muḥammad Jamīl Bayyuhum
Ocupação ativista, jornalista

Nazik Khatim al-'Abid Bayhum (em árabe: نازك العابد) ficou conhecida como a "Joana d'Arc dos Árabes" [1], era activista dos direitos das mulheres e criticava o colonialismo otomano e francês na Síria. [2] Foi a primeira mulher a ganhar um posto no Exército Sírio graças ao seu papel na formação da Sociedade Estrela Vermelha, uma pioneira do Movimento Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, durante a batalha de Maysalun. Lutou pela independência nacional e pelo direito das mulheres a trabalharem e a votarem na Síria. [3]

Activismo[editar | editar código-fonte]

Contra o Império Otomano[editar | editar código-fonte]

Abid participou activamente no movimento sufragista e na resistência à ocupação otomana da Síria. Durante o durante o movimento de mulheres sírias de 1919, escreveu vários artigos, sobre o movimento, para jornais de Damasco sob um pseudónimo masculino. [4]

Em 1941, criou um grupo que tinha como objectivo defender os direitos das mulheres, consequentemente foi exilada para o Cairo pelas autoridades otomanas, onde permaneceu até o colapso do Império Otomano em 1918. [5] Em 1919, Abid fundou a sociedade e revista Nur al-Fayha ' (Luz de Damasco) e, mais tarde, em 1922, uma escola com o mesmo nome que oferecia cursos de inglês e costura para jovens que haviam ficado órfãs devido à guerra. [6] [3]

Contra a ocupação francesa da Síria[editar | editar código-fonte]

No papel de representante de uma delegação de mulheres à Comissão King-Crane, Abid falou com diplomatas americanos sem véu para mostrar o seu interesse num governo secular na Síria e para testemunhar contra a ocupação francesa. [5]

Em 1920, fundou a Associação Estrela Vermelha, uma das primeiras formas da Sociedade do Crescente Vermelho, e foi premiada com o posto de "presidente honorário" do Exército Sírio pelo Príncipe Faysal. [7] Abid liderou as enfermeiras da Estrela Vermelha, na guerra do Exército Sírio contra as forças francesas, durante a Batalha de Maysalun em Julho de 1920. Apesar de ter sido envida para o exílio pelo governo francês, depois da derrota do exército sírio, Abid foi considerada uma heroína nacional e começou a ser chamada de Joana d'Arc da Síria. Como a primeira mulher general na Síria, ela foi fotografada em uniforme militar e sem um hijab, mas voltou a usar um véu após protestos dos conservadores. [6]

O governo francês concedeu-lhe amnistia em 1921 e regressou à Síria, com a condição de evitar a política. [7] Chegada a Damasco fundou a escola Luz de Damasco. Esta foi considerada uma ameaça pelas agências e programas humanitários franceses por supostamente competir com eles na obtenção de recursos, consequentemente as autoridades francesas ameaçaram prendê-la e ela fugiu da Síria para o Líbano. [8][9]

Direitos das mulheres[editar | editar código-fonte]

Em 1933, fundou a Niqâbat al-Mar'a al-'Amila (Sociedade das Mulheres Trabalhadoras), que debruçava-se sobre as questões trabalhistas em nome das mulheres na Síria, defendendo a sua libertação económica como meio de libertação política para as mulheres. [3] :73

Vida pessoal[editar | editar código-fonte]

Abid nasceu numa família influente de Damasco. [7] O pai, Mustafa al-Abid, era um aristocrata que estava encarregado de assuntos administrativos em Kirk e mais tarde como enviado diplomático a Mossul do sultão otomano Abdulhamid II. Era sobrinha de Ahmad Izza al-Abid que era juiz e conselheiro do sultão. [8] Enquanto morou na Turquia, aprendeu várias línguas em escolas turcas, americanas e francesas. Durante 10 anos, a família viveu exilada no Egipto devido à Revolução dos Jovens Turcos em 1908.

Em 1922, após ter estado exilada no Líbano, conheceu e casou-se com o intelectual e político árabe Muhammad Jamil Bayhum. [3]

Homenagens[editar | editar código-fonte]

Em 2011 foi lançado um selo postal com a sua cara.

É uma das mulheres biografadas no livro Destemidas (Les Culottées), da ilustradora Pénélope Bagieu que foi adaptada para a televisão com o mesmo nome e transmitida em canais televisivos de vários países, nomeadamente: França, Itália e Portugal. [10]

Leitura adicional[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Zachs, Fruma; Ben-Bassat, Yuval (2015). «WOMEN'S VISIBILITY IN PETITIONS FROM GREATER SYRIA DURING THE LATE OTTOMAN PERIOD». International Journal of Middle East Studies. 47: 765–781. ISSN 0020-7438. doi:10.1017/S0020743815000975 
  2. Al-Hassan Golley, Nawar; Homsi Vinson, Pauline (2012). «3». In: Arenfeldt; Al-Hassan Golley. Mapping Arab Women's Movements : A Century of Transformations from Within. The American University in Cairo Press. Cairo, Egypt: [s.n.] ISBN 9789774164989 
  3. a b c d Zachs, Fruma (2013). «Muḥammad Jamīl Bayhum and the Woman Question». Die Welt des Islams. 53: 50–75. doi:10.1163/15700607-0003A0003 
  4. Talhami, Ghada (2013). Historical dictionary of women in the Middle East and North Africa. Scarecrow Press. Lanham, Md.: [s.n.] ISBN 1885942400 
  5. a b Moubayed, Sami (2006). Steel & Silk: Men and Women who Shaped Syria 1900-2000. Cune Press. [S.l.: s.n.] ISBN 9781885942401 
  6. a b Thompson, Elizabeth. The woman's movement and its development. The colonial Welfare state in Syria (1920-1946). [S.l.: s.n.] 
  7. a b c Zachs, Fruma; Halevi, Sharon (2014). Gendering Culture in Greater Syria: Intellectuals and Ideology in the Late Ottoman Period. I.B.Tauris. [S.l.: s.n.] ISBN 0857736728 
  8. a b Meininghaus, Esther (2016). Creating Consent in Ba‘thist Syria: Women and Welfare in a Totalitarian State. I.B.Tauris. [S.l.: s.n.] ISBN 9780857729774 
  9. Thompson, Elizabeth (2000). Colonial Citizens: Republican Rights, Paternal Privilege, and Gender in French Syria and Lebanon. Columbia University Press. New York: [s.n.] pp. 121. ISBN 9780231106603 
  10. Cambon, Mai Nguyen, Charlotte, Culottées Naziq al-Abid, activiste de bonne famille (em francês), consultado em 4 de setembro de 2020